[Astronovas] A RAINHA DAS SUPERNOVAS

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Tue May 22 17:46:53 WEST 2007


A RAINHA DAS SUPERNOVAS

Com o auxílio do telescópio espacial de raios-X Chandra e outros telescópios
terrestres, foi detectada a explosão estelar mais brilhante alguma vez
registada. Acredita-se que esta explosão poderá ser um novo tipo de supernova
há muito procurado. A descoberta indica que explosões violentas de estrelas com
uma massa extremamente grande foram acontecimentos relativamente comuns no
Universo jovem e que uma explosão semelhante poderá acontecer a qualquer
momento na nossa galáxia.

Segundo a equipa responsável pela descoberta, esta explosão foi verdadeiramente
monstruosa, cem vezes mais energética que uma supernova típica. Isto significa
que a estrela que explodiu poderá ter possuído o limite superior de massa para
estes corpos, cerca de 150 vezes a massa Sol, algo que nunca foi observado
antes.

Os astrónomos acreditam que muitas das estrelas de primeira geração possuiam
massas desta grandeza. A supernova agora descoberta poderá pois proporcionar
uma "visão" rara de como as primeiras estrelas morreram. Não existe precedentes
na descoberta de uma estrela de massa tão elevada e no testemunho da sua morte.
A descoberta desta supernova, designada por SN 2006gy, fornece evidências de
que a morte de estrelas de massa muito elevada é fundamentalmente diferente das
previsões teóricas.

Para ver uma ilustração artística da SN 2006gy, consulte:
http://www.oal.ul.pt/astronovas/estrelas/rainha1.jpg

Atónitos com o brilho e duração da supernova, os astrónomos foram capazes de
excluir a explicação alternativa mais provável para o fenómeno observado. A
explicação seria a de que uma anã branca, com uma massa ligeiramente superior à
do Sol tivesse explodido num ambiente denso e rico em hidrogénio. Contudo, se
tal fosse o caso, a SN 2006gy deveria ter sido 1000 vezes mais brilhante no
comprimento de onda dos raios-X do que foi detectado pelo Chandra. Este facto
fornece então uma evidência forte de que a SN 2006gy foi, de facto, originada
pela morte de uma estrela de massa extremamente elevada.

Aparentemente, a estrela que deu origem à SN 2006gy expeliu uma grande
quantidade de massa antes de explodir. Esta grande perda de massa é semelhante
à observada na Eta Carinae, uma estrela de massa elevada presente na nossa
galáxia. Isto origina a suspeita de que a Eta Carinae pode estar prestes a
explodir.Embora a SN 2006gy seja intrinsecamente a supernova mais brilhante
alguma vez detectada, encontra-se a cerca de 240 milhões de anos-luz da Terra,
na galáxia NGC 1260. No entanto, a Eta Carinae encontra-se a apenas a 7500
anos-luz de distância da Terra, dentro da Via Láctea.

Para ver uma imagem da SN 2006gy obtida pelo telescópio de raios-X Chandra,
consulte:
http://www.oal.ul.pt/astronovas/estrelas/rainha2.jpg 

Pode-se observar à direita a SN 2006gy e à esquerda o núcleo da sua galáxia
anfitriã, a NGC 1260.

Embora não se tenha a certeza de que a Eta Carinae esteja prestes a explodir,
os astrónomos tencionam mantê-la "debaixo de olho". Caso esta explodisse, o
fenómeno poderia ser o maior espectáculo celeste na história da civilização
moderna.

Para ver uma imagem da estrela Eta Carinae, obtida pelo telescópio Hubble,
consulte:
http://www.oal.ul.pt/astronovas/estrelas/rainha3.jpg

Geralmente as supernovas ocorrem quando estrelas de massa elevada consomem todo
o seu combustível e colapsam por acção da sua própria gravidade. No caso da SN
2006gy, os astrónomos acreditam que o processo que terá dado origem à explosão
tenha sido bastante diferente. Assim, pensa-se que em certas condições, o
núcleo de uma estrela de massa elevada produz uma tal quantidade de radiação
gama, que parte dessa radiação é convertida em pares de partícula e
anti-partícula. Tal resulta na diminuição da pressão no núcleo da estrela, o
que resulta no seu colapso súbito por acção da enorme força de gravidade que
possui.

Após este colapso violento, ocorrem reacções termonucleares sem controlo e a
estrela acaba por explodir, espalhando os seus restos mortais pelo espaço. 
Os dados agora obtidos, para o caso da SN 2006gy, sugerem que as primeiras
estrelas podem ter originado, frequentemente, supernovas espectaculares, ao
invés de colapsarem por completo para um buraco negro como previsto
teoricamente. 

Em termos do efeito destes dois fenómenos no Universo jovem, existe uma grande
diferença: as supernovas teriam "poluído" a galáxia com grandes quantidades de
novos elementos enquanto que para o caso de um buraco negro, estes elementos
teriam sido "fechados" para sempre neste objecto.





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